ROCK OR BUST! O último terremoto do AC/DC?

Assim como ocorreu com o Black Sabbath ano passado, dias antes do lançamento oficial, o novo álbum do AC/DC foi liberado na íntegra pelo iTunes, portanto, acho que já é hora de eu definir a minha opinião quanto aos prováveis últimos riffs que ouviremos de Angus Young.

O AC/DC já foi há décadas atrás uma banda constante e incansável fazendo 300 shows de alta voltagem por ano para públicos que ocupam estádios de futebol inteiros. Esse tempo já passou, eles cansaram, e nos últimos anos tem tirado longas folgas em que raramente vemos a cara deles na mídia e aí voltam rapidinho estremecendo tudo pra relembrar aos terráqueos porque que são a melhor banda do universo. Com suas influências de blues e rock a lá anos 50, o AC/DC pode soar repetitivo, mas é inegavelmente eficiente, sendo uma das bandas de rock mais amada do mundo por 40 anos.  Como nada é para sempre, agora eles vieram dizer "tchau" e nos entregar um álbum de despedida. Bem, como foi?

Esse retorno me lembrou o do Black Sabbath ano passado. Todos foram pegos de surpresa com o anúncio do estado de demência do Malcolm Young, líder e fundador da banda. Ano passado o baterista Bill Ward também teve que ficar de fora da produção do álbum "13" do Black Sabbath, as coisas simplesmente acabam não sendo tão fáceis. Por fim já temos o álbum inteiro e... o que foi que eles fizeram?

Os australianos optaram pela mesma estratégia que tem utilizado desde quando se tornaram a banda de maior sucesso em vendas de disco da história com "Back in Black" de 1980. Eles continuaram sendo eles mesmos. Já tinham encontrado a própria identidade, e tendo ninguém melhor que eles, para quê querer outra coisa? Nesses 40 anos de sucesso o AC/DC explorou a sua própria fórmula de diversas maneiras. Ficaram um pouco repetitivos, mas conseguiram circular isso várias vezes com "Razor's Edge" e "Black Ice" que os fizeram soar como uma banda inédita novamente, não deixando de serem eles mesmos. Em "Rock or Bust" eles se mantiveram um pouco mais na zona de conforto, mas não falharam em entregar exatamente o que prometeram: AC/DC.

Ao meu ver, não era hora deles tentarem fazer uma coisa extremamente revolucionária e impressionante como foi o "Back in Black" em 80. Há bastante pressão e... não adianta, a banda não está completa. Malcolm Young foi o idealizador da banda na sua criação e toda sua trajetória, inclusive responsável por deixar seu irmão mais novo na frente se tornando eterno símbolo e mascote da banda.

Eu enxerguei isso como tirar o escritor no meio da história. Mas Angus e Stevie (sobrinho dos Young) fizeram nada feio com os outros membros clássicos da banda; Phil (...), Cliff e Brian. Falando no Brian, um dos maiores vocalistas a surgir nos anos 80, ele se mostra bem versátil conseguindo se manter com o estilo de sua voz mesmo sem conseguir gritar mais como nos velhos tempos. É similar com o que Tornillo do Accept fez esse ano mesmo no "Blind Rage", mas Brian e o AC/DC são muito mais famosos. O cantor se dá bem com sua própria identidade e parece beeeem à vontade, às vezes falando durante as músicas como Bon Scott (o vocalista original) fazia no início da banda nos anos 70. Algumas músicas surpreendem como "Miss Adventure" e "Dogs of War", onde eles soam um pouco mais diferentes. Como sempre, eles recusam críticas e mandam a ver não importa por onde andem.

Não acho que tenham superado o "Black Ice" de 2008, pois senti falta de uma música principal realmente viciante e explosiva como foi "Rock N Roll Train", aliás, tive a impressão que essa é a falta que o Malcolm faz, a verdadeira explosão. Mas isso não impediu "Rock or Bust" de ser um bom exemplo de rock n roll e com certeza será ouvido com muito carinho até saírem em sua turnê final que sem dúvidas será histórica. Mesmo com idade avançada os caras se mostram em bom estado físico e mental (tirando o baterista que tá quase sendo preso por drogas, assassinato e prostituição...) e 100% dedicados ao fiel público que conseguiram manter por tantas décadas. Mais que uma banda AC/DC parece um "time" do rock n roll. Eles simplesmente sabem o que as pessoas querem e sempre acertam.

Espero te ver aqui pelo Brasil, Angus Young!