quinta-feira, 7 de maio de 2015

Série do Demolidor na Netflix


Eu sei que estou tremendamente atrasado pra escrever sobre isso, mas quando eu terminei de assistir não tive tempo pra resenhar. Já faz umas semanas. Mas como sei que grande parte dos leitores não se importa tanto com uns textos atrasados, aí vai a minha opinião quanto a série do Homem Sem Medo.


Primeiramente, fazia muito tempo que não víamos o personagem em carne e osso. Tinha rolado só um filme, então além de sobrarem elementos pra explorar eles também podiam recontar a origem pra muita gente que já não lembrava (que não era o meu caso...). É exatamente o que eles fazem, muitas vezes tirando episódios quase inteiros para mesclar a trama atual com flashbacks que vão revelando o desenvolvimento de relacionamentos ou características dos personagens. Eu particularmente fui me cansando disso pois ainda lembrava de tudo; a estória do pai do Matt, do Foggy, da Karen, do mestre Stick, tal, tal, tal, mas foi muito bem feito, então dá pra afirmar que ficou excelente pro público geral que pega a série pra ver como uma coisa nova.

Batman Begins
É IMPOSSÍVEL assistir sem lembrar do filme do "Batman Begins" (2005), que virou referência quanto a contar origem de um super-herói em detalhes. Além da dedicação da série em se aprofundar nos detalhezinhos da mitologia que tornaram o advogado Matt Murdock no Demolidor, o próprio estilo agressivo e urbano do personagem lembra o velho Batman. E é isso que a série acaba sendo, um "Daredevil Begins", porque até o último episódio da primeira temporada (foram todos liberados de uma vez) eles vão preparando terreno pro vigilante se tornar o Demolidor propriamente dito, como o conhecemos. O legal é que eles fogem do estilo repetitivo que a Marvel fez com muita comédia, a série é extremamente densa! Aliás, é o produto mais violento feito no Cineverso Marvel. E esse é um dos detalhes mais legais, "Demolidor" faz parte do universo compartilhado dos filmes.

O roteiro é bem inteligente. Sabemos que por mais amado que seja, o Demolidor não é o personagem mais rico de todos os tempos, não é qualquer um que consegue fazer que nem o Frank Miller e tornar todos os detalhes que compõe a Cozinha do Inferno em uma fantasia inesquecível. Preciso nem falar que muito da série bebe dessa fase do renomado roteirista.


Eles conseguem pegar episódios longuíssimos e dedicá-los inteiramente à temas que podem ser considerados pequenos, como algum conflito pessoal de um personagem secundário. Mas nada passa uma impressão pouco importante. Alguns dos personagens mais populares como Mercenário e Elektra passam nem por perto da série até o último episódio. E achei isso bom, sinal que os envolvidos estavam confiantes em fazer tudo com bastante calma. Dessa forma, dá pra afirmar que a primeira temporada é um longo "Daredevil Begins" até o último episódio.

Elektra, sua linda assassina insensível, você fica pra próxima
A porrada e o sangue comem soltos desde o princípio, mesmo havendo longas cenas de diálogos e flashbacks com função emocional. A coreografia ficou muito linda, pra mim deixou Flash e Arrow, ou mesmo Flash vs Arrow no chinelo. O tempo inteiro eu ficava esperando acontecer alguma coisa pra acreditar que não haviam investido tanto quando deveriam na série (Smallville...), mas... não aconteceu. É tudo bem produzido. Não é por nada que a Marvel havia feito um plano para fazer séries com outros heróis até juntar os Defensores, maaaaaaaaaaaaaas, o sucesso foi tanto que já confirmaram uma segunda temporada. O problema é que vai mudar o roteirista, salve-se quem puder.

All hail the king!

O Rei do Crime serve de vilão principal. Mesmo gordo se encaixa muito bem (ba-dum-tss). Sinceeeeeeeeeeeramente, o tempo todo eu ficava com uma leve decepção, porque o Rei do Crime é um vilão que fez parte da minha infância e da minha juventude SEMPRE, tanto como vilão do Demolidor quanto do Homem-Aranha. E pra mim o mais marcante dele (além do formato de planeta) era a eternamente imutável cara de "fodão melhor que todo mundo liga pra ninguém". Sei que desde as HQs ele tem como ponto fraco sua amada Vanessa, que o deixa meigo como um coelhinho, e é claro que a personagem não foi esquecida na série, e nem poderia!


Não poderia pois a preocupação deles em desenvolver o Rei do Crime foi tamanha, que às vezes parece até que o objetivo da série é mostrar o desenvolvimento paralelo dos dois antagonistas até seu inevitável conflito. De uma forma que os dois receberiam a mesma quantidade de atenção, tipo, praticamente idêntica. Então eu não deixo de dizer que o Rei ficou muito, muito foda, só diferente do que o que eu lembrava, porque meio que quase sempre que ele fala é um depoimento de suas emoções e pontos de vista justificando seu jeito de ser, não só com a Vanessa, mas até com pessoas que ele vai matar! E o que eu mais lembrava das HQs/desenhos era ele metidão não dando satisfação pra ninguém. Ficou diferente, mas ainda assim ficou muito bom. De qualquer forma, os momentos que eu lembrava bastante do clássico era durante as lutas (sempre bem coreografadas), onde ele dá aqueles golpes levantando o inimigo no ar, e descendo os braços com tudo de cima, hehe. Quem é fã acaba lembrando dessas coisinhas.

Se já não foi, eles deixaram espaço para que o "Demolidor" se torne a série de TV que adapta quadrinhos mais bem-sucedida de todos os tempos. Além do início brilhante, ainda há muito que pode ser explorado, tanto personagens importantíssimos quanto sagas. Foi diferente e a Marvel acertou.

6 comentários:

  1. Ótima resenha.
    Particularmente também pude notar diferenças na personalidade do Rei do Crime, mas acredito que faz parte da proposta da série, e também é possível que haja mudanças, pois da mesma forma que o Demolidor está em processo de evolução, Fisk também pode passar por esse processo e se tornar o verdadeiro Rei do Crime frio e mais seguro como nas HQs.
    Continuo achando a morte do Ben Urich precipitada, pois é um personagem importante no universo urbano e, especialmente do Demolidor.

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    1. Eu também achei um absurdo essa morte, na real meu irmão pausou e só deu play de novo quando eu parei de reclamar. Mas eu não falei sobre isso no post porque é... SPOILEEEEEEEEEEEEEEEEEEEER!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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    2. Puxa, desculpa aí, foi mal. É que eu também mencionei sobre isso no meu blog, e nem percebi. Desculpa mesmo.

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  2. Tô me segurando para não ler esse texto, para não influenciar o meu. Assim que eu colocar o meu, eu volto aqui. Mas ainda li alguma coisa sobre o Rei no seu texto, o impecável Rei, justamente eu que costumo reclamar, não acrescentaria nem tiraria nada daquele Rei, putaquepariu "Olhe para essa parede e me diga que tipo de homem você quer ser": impagável, poético, filosófico.,. Crível. A atuação do velho soldado Pyle foi uma das mais comoventes e envolventes que vi nos últimos anos. Agora vou para, se não vou acabar é escrevendo tudo é aqui. Ah sim, grato pelos comentários, foi grande satisfação hoje abrir o e-mail e ver que Jack Napier --> Douglas Joker --> Douglas Rigos tinha passado por lá.

    Força e honra.

    Ah sim, não se esqueça de orar antes de dormir, ler a constituição, ler Injustice, perdoar o Snyder e ler End Game até o final e não acreditar no Kevin Feige. Só ler Injustice já tá bom.

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    1. E o garoto está inspirado, pessoal. Haha

      P.S.: Relaxa, Roger, eu sou extremamente tranquilo, hehe. Só tava brincando.

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  3. Também gostei do Rei do Crime, embora tenha achado um pouco exagerado o foco no romance dele com a Vanessa. Nas HQs, primeiro ele é o vilão durão, cruel, dominador. Depois, ele conheceu a Vanessa e vimos esse outro lado dele. Na série, ele surge justamente azarando a Vanessa. Ou seja, a apresentação do personagem é primeiro como um cara apaixonado, rico, que fica bobo perto da amada. E depois, começamos a conhecer o Rei do Crime na disputa pelo poder no crime organizado. Achei isso bem estranho, mas tudo bem. Agora gostei muito da relação que você fez com Batman Begins, o que me lembrou um comentário que postei em outro Blog, mais ou menos sobre essa relação entre a criação do Demolidor e o Batman, que copio aqui: "A criação do Demolidor teve muita inspiração no Batman. Embora o Demolidor tenha características próprias óbvias, ele teve muito de Batman. De início, o uniforme de demônio para inspirar medo nos criminosos, pois assim como Batman, ele enfrentava criminosos comuns ou chefes de gangues (Coringa, Pinguim, Duas Caras) com seus capangas comuns. Era um herói eminentemente urbano, com o qual o público se identificava, pois ele enfrentava bandidos comuns em tempos em que as grandes cidades americanas eram muito violentas. A morte trágica dos pais, moldando o caráter dos heróis. E não é à toa que Frank Miller escreveu para os dois. "A Queda de Murdock" poderia ter sido adaptada e escrita diretamente para o Batman. E sem dúvidas, A Queda do Morcego teve muita inspiração nela".
    Voltando à série, deixo apenas duas pequenas críticas: uma, excesso de foco no romance entre o Rei e Vanessa, que me deixa com medo que o negócio descambe para uma novela como Arrow. E a outra, o personagem Stick é bem estereotipado, como são todos esses mestres Samurais, ou Senhor Miyagis, que a gente vê nos filmes e séries. Aliás, seria um desafio escrever um mestre ou um mentor que seja diferente.
    Parabéns, bom texto! Você e o Ozymandias fazem falta lá no AeC. Lá, voltou ao esquemão antigo, de matérias (mal) traduzidas. Eram legais os textos com opiniões contundentes. Dava muito pano pra manga, rs!! Abs

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