sábado, 23 de novembro de 2013

Alan Moore de A a Z


Histórias são sempre criadas por artistas (ou simples mentirosos ordinários). Algumas histórias são retardadas, elas realmente adicionam nada, só alcançam algum objetivo se alguém por alguma razão se identificar com aquilo que é narrado. A partir daí elas vão evoluindo, podem ser cômicas, podem ligar tantos personagens que você não entende como o responsável por aquilo foi capaz de organizar tudo dentro de seu cérebro que deve ter alguma parte extra em comparação ao de outras pessoas. De forma óbvia elas precisam ter um início, meio e fim, se bem que...

"No fim? Nada termina, Adrian. Nada jamais termina."
...pode não ter fim também. A arquitetura diferente das histórias pode ser de qualquer forma, o que acaba as tornando mais interessantes. Mas o que faz com que nos sintamos completos com as histórias é justamente a identificação, o que permite que a pior das histórias tenha algum pingo de valor pra alguém (como Crepúsculo). Mas as histórias podem ir ainda mais além disso. Certa vez disse um inglês barbudo que muito bem se fixou no ramo de contar histórias que "A arte em seu melhor, tem o poder de insistir em uma realidade diferente", você não concorda com isso? Afinal, se você conseguir mudar algo do mundo real, o mundo onde as pessoas sangram, por meio da arte, é sinal que você fez muito bem o seu dever de casa. E não é como se não adiantasse, o melhor exemplo temos nós, os brasileiros, com todos os músicos que procuravam abrir a mente da população nos períodos de autocracia que tivemos no Brasil. Certos hinos duram até hoje como combustível revolucionário.


Aí entre e além de todos os artistas existem os que são mais! Que são geniais! Você não entende exatamente o porquê, mas eles conseguem ter uma ideia melhor que a outra E se esforçam o suficiente para conseguir coloca-las em produção e lançamento, o que, acredite, infelizmente é muito difícil. Vamos falar do ramo de quadrinhos, que é uma área sempre presente entre as matérias do blog. Nós temos o Stan Lee! Não existe outro Stan Lee e acredito que realmente nunca existirá. São caras como o Stan Lee que trabalham em pontos escondidos da realidade, seja da sociedade ou do fundo da nossa mente, pontos escondidos que ou só eles encontram ou as outras pessoas tinham medo de enxergar antes deles. Tem um monte de caras como o Stan Lee, em diversas áreas, gênios que parecem não ter um limite para criação de novos livros ou músicas. E além desses caras, há o Alan Moore.


Sim, há esse velhinho aí em cima. Alan Moore, um ser humano nascido em Northampton, Inglaterra, no Hospital St. Edmund, dia 18 de novembro de 1953, filho de Sylvia e Ernest Moore. O que já foi um bebê sem barba e se tornou essa figura gótica de 1,88m que não surpreenderia 9/10 pessoas se soltasse um feitiço pelas mangas é uma criatura que apesar do olhar e postura de total desânimo pela vida, mostra ignorar limites para a criação das suas histórias. É um homem que deixou para quem quiser ler histórias cujo processo de produção contou com estudos profundos que vão de política a biologia, astronomia, matemática, literatura, tudo mesclado em um universo de fantasia mágico. E eu digo mágico literalmente, pois quando você termina de ler muitas das melhores histórias dele a princípio não dá pra entender facilmente o que acabou de ocorrer, "o que foi aquilo?", parece mesmo que você passou por um processo de Mágica. Portanto o apelido que ele ganhou ao passar dos anos de "Alan Moore, o mago das histórias", é mais do que merecido, ele está longe de ser um artista ordinário. Agora em 2013 esse cara completou 60 anos, portanto senti justo que eu fizesse um post pra informar e debater tudo de incrível que há na jornada desse sinistrão.

Você está andando na rua e encontra o Alan Moore caminhando com a sua esposa, deve ser peculiar, no mínimo.

Antes do sucesso

Acima, o homem: Alan Moore. Abaixo, a lenda: o queixo de Alan Moore.
"Minha experiência de vida é que ela não é dividida em gêneros. Minha experiência de vida é que ela é um romance assustador, romântico, trágico, cômico, de ficção científica, de detetives e de caubóis. Sabe, com um pouco de pornografia também, se você tiver sorte." Alan Moore

Antes de se tornar uma lenda com A Piada Mortal e Watchmen na DC Comics, Alan Moore fez parte de um mercado inglês de quadrinhos que não viria muito longe. No colégio ele não era muito feliz, chegou a ser expulso por causa do uso de drogas como LSD, que ele chegava a vender para outros alunos. Na época era comum ler gibis semanais de humor, mas Moore veio a conhecer os super-heróis quando estava doente e para a sua infelicidade a sua mãe trouxe uns gibis com uns caras de roupas estranhas e super-poderes, o Quarteto Fantástico da Marvel. "A revista fez algo comigo. Especialmente os desenhos. Era um tipo de textura e estilo que eu nunca havia visto antes." diz o próprio.

The Stars My Degradation
Inicialmente quando começou a se aproximar dos quadrinhos profissionalmente ele fazia coisas bem pequenas como tirinhas de jornal e ilustrações para revistas, já que ele já desenhava muito bem, mesmo não sendo tanto quanto ele gostaria para se aplicar mais nisso. Bem, como eu quero que você leia tudo, vamos ao principal, ele chegou a trabalhar como jornalista e aproveitava pra criar tirinhas e outros trabalhos avulsos, onde se destacam The Star My Degradation e Maxwell, the Magic Cat. É engraçado como antes de histórias cheias de desgraça como A Piada Mortal, Moore até que mostrava um bom senso de humor. Ele se fiou na revista de ficção 2000 AD, como escritor de roteiros, onde ele tinha mais segurança do que como desenhista. Se fixando no mercado mainstream inglês ele escreveu umas histórias do Juiz Dredd, outras aleatórias de ficção e teve o seu primeiro contato com a Marvel UK com histórias do Star Wars e Doctor Who. Depois de um bom tempo ele conseguiu provar o seu valor e começou a tomar responsabilidade de histórias que chamavam mais a atenção como Capitão Britânia (da Marvel) e duas das suas séries mais famosas que ele fez para a revista Warrior: Marvelman/Miracleman e V de Vingança.

Grande parte das tirinhas envolviam humor dos personagens terem consciência de estarem em uma tirinha
A Vendetta

Então eu começarei...
"Em V de Vingança não há muitos personagens alegres e descontraídos; e é pra gente que não desliga na hora do noticiário." David Lloyd

Vamos começar com um título poderoso (sim, estamos apenas começando). O sistema da Warrior de que os artistas não ganhariam muito mas teriam total liberdade criativa levou Moore a fazer um de seus melhores trabalhos. Indignado com a situação da Inglaterra na época, Margaret Thatcher comandando o país que estava sofrendo a sua pior crise econômica em décadas e um sistema fascista começando a se alastrar, Moore fez uma história distópica se passando na futura Inglaterra de 1997.


Já começava a impressionante ambientação de Moore de mundos fictícios porém extremamente próximos da realidade. Uma linha fina que apenas Moore consegue fazer do seu jeito. O ambiente era bem apocalíptico, uma realidade radical onde tudo relacionado ao povo foi dando errado nas mãos do governo e já nem sequer existem mais negros, asiáticos, judeus ou homossexuais. O sistema venceu. O protagonista da história não é um herói comum, na verdade é um terrorista e a partir daí ele vai desmantelando o sistema de forma "caótica" levando ao tema principal da história, anarquia. Não só o protagonista V é cheio de mistérios, mas também o responsável por toda a organização da Inglaterra, Evey, o detetive Finch, todos.

Alan Moore e David Lloyd afirmam ficarem felizes com as pessoas que se manifestam usando as máscaras de Guy Fawkes.
V de Vingança foi a primeira empreitada de ousadia de Alan Moore e por muitos ainda é considerada a sua melhor história. Entre suas marcas há:

-A escolha de não haver qualquer onomatopeia ou balão de pensamento durante a história toda, parecendo um filme e não um gibi comum.
-Moore mostra o seu colossal conhecimento cultural com menções que são feitas por V c-o-n-s-t-a-n-t-e-m-e-n-t-e. Há músicas, livros e frases de pensadores famosos. Tudo para permitir que a personalidade de V, o último homem com cultura, fosse legítima.
-A versatilidade monstruosa de Moore começa aqui, já que o segundo tomo ("Este Vil Cabaré") tem como prelúdio uma música tocada por V, com as notas de piano entre os quadrinhos, tudo narrando o que seria tematizado na segunda parte da história. Tipo de coisa que Moore viria a fazer mais e mais.


Por fim, V de Vingança demorou até ser lançado completamente pois houveram problemas na Warrior e depois de 5 anos a história foi publicada por inteiro pela Vertigo, selo de revistas adultas da DC Comics, quando lançada Alan Moore escreveu uma introdução que é impressa junto com todos os relançamentos. Mais experiente ele pede desculpas pela inexperiência que ele tinha (não que alguém note lendo) com pontos da história como a sobrevivência de algumas pessoas a ataques nucleares, um tema o qual ainda não havia muito conhecimento na época. Ele deixa clara a sua insatisfação com o sistema da época na Inglaterra.

"Minha filha caçula tem sete anos, e um jornal tabloide acalenta a ideia de campos de concentração para pessoas com AIDS. Os soldados da tropa de choque usam visores negros, bem como seus cavalos; e suas unidades móveis tem câmeras de vídeo rotativas instaladas no teto. O governo expressou o desejo de erradicar a homossexualidade até mesmo como conceito abstrato. Só posso especular sobre qual minoria será alvo dos próximos ataques. Estou pensando em deixar o país com minha família em breve, esta terra está cada vez mais fria e hostil, e eu não gosto mais daqui.

Boa noite, Inglaterra. Boa noite, BBC local e V de Vitória. Olá, Voz do Destino e V de Vingança."

Alan Moore
Northampton, março de 1988

Desenhista David Lloyd e um cosplay de V
Anos depois o personagem meio desconhecido se tornaria mainstream e símbolo para manifestações "revolucionárias" ao redor do mundo todo. Quem diria... concluindo, todo o esforço teve como resultado um romance político social apaixonante e inspirador.


Marvelman


Essa foi uma linha de histórias que veio a inspirar muitos outros artistas de HQs. Alan Moore não foi responsável pela criação do Marvel/Miracleman, mas sempre quis trabalhar com o herói pois guardava grandes ideias para ele. Foi com Marvelman que Moore colocou em ação pela primeira vez a ideia que ele viria a usar com o famoso Watchmen, heróis em um plano mais realista, muito mais realista. Assim como o Capitão Marvel da DC, o Marvelman ganhava super poderes dizendo uma palavra mágica (tão estranha que eu nem lembro qual é). Isso era explorado de forma pesada, como era perder consciência para uma criatura poderosíssima? Isso ia além, rolando um triângulo amoroso com Liz, a sua esposa, que se relacionava com ambas as personalidades do herói (o que dá problema quando ela engravida de uma). Quando a Warrior caiu as aventuras do Marvelman tiveram que ser interrompidas como V de Vingança, mas Moore pôde voltar a escreve-las nos anos 80. Essa série é bem difícil de achar, não estando entre os trabalhos mais famosos de Moore, mas não deixa de ser genial, ainda mais para época onde ainda não havia coisas como Batman: O Cavaleiro das Trevas, Sandman e Watchmen.

As histórias de ficção científica

Desenho de Robin Smith satirizando como Moore não parava de trabalhar em certa época
Pelo o que eu vejo Moore ficou mais famoso por A Piada Mortal, Watchmen e V de Vingança, com isso ele não é tão lembrado pelas dezenas de histórias de ficção científica que ele fez, principalmente na 2000 AD. Uma é Skizz, alienígena que veio parar na Terra, mais uma vez usando como ambiente a Inglaterra da época da Dama de Ferro. A Terra é conhecida pelos aliens como o "Mundo Infernal", onde o etzinho passa por histórias de comédia com toque de crítica e ironia.


D.R. & Quinch também eram histórias peculiares. Se tratava de uma dupla de aliens jovens que vinham para a Terra. Mas eles eram delinquentes! O que faziam era zuar com a Terra, e assim as aventuras deles vão passando, com personagens principais diferentes narrando os acontecimentos, conforme eles começam as Guerras Mundiais, assassinam Shakespere, mexem com Hollywood e etc, assim Moore narrava a história da humanidade como uma série de brincadeiras de dois e.t.'s. The Stars My Degradation, já mencionada aqui, também era ficção científica com sátira, já começando pelo nome, tirado do filme The Stars, My Destination.


De todos esses o que mais pegou foi A Balada de Halo Jones. Essa sequência de histórias é protagonizada pela talvez primeira moça durona dos quadrinhos, a jovem Halo Jones. Como em V de Vingança, o ambiente é futurista e terrível, mas já há todo um universo e uma situação feita que vai sendo explicado conforme a história anda, como em Senhor dos Anéis. Halo Jones é o que foi por Moore em cada edição experimentar ideias novas geniais relacionadas a narrativa e ao próprio roteiro, havendo sempre surpresas. Nessa época o escritor já experimentava da maldade das editoras e após os problemas com a Warrior que fechou, preferia ficar com os direitos dos seus personagens ou mais nada.

"Eu disse aos editores, a certa altura, que ficaria feliz de escrever novas histórias se me devolvessem os direitos sobre elas, mas eles não estavam interessados naquilo, então assumo que não estavam interessados em novas histórias." E assim começava a briga de Moore com as editoras onde me aprofundarei mais a frente.


Pisando fundo na DC Comics


Na DC Comics Moore teve a oportunidade de trabalhar com alguns dos melhores personagens já criados para os quadrinhos. Além das desavenças com direitos autorais e editores, também houveram grandes oportunidades que foram muito bem usadas.

Ressuscitando o Monstro do Pântano


Moore tornou o Monstro do Pântano em uma lenda dos quadrinhos. O personagem protagonizava histórias de horror, era um cientista que havia se tornando em um monstro planta após um acidente de laboratório. Com a antológica história de estreia, "Lição de Anatomia", Moore começou a sua fase de histórias já matando o personagem, a partir daí tudo seria diferente. É explicado que na verdade o Monstro do Pântano não era Alec Holland transformado em planta, mas sim plantas que receberam consciência no acidente e passaram a acreditar que eram Alec Holland! O.o

"HA! Aposto que vocês não esperavam por essa!"
A partir daí é só loucura. O que impressiona nessa primeira história é como Moore se aprofundou em conhecimentos de biologia para que a história ficasse realista, é algo que eu não posso te explicar, só quando você ler mesmo. Moore sempre fazia um pouquinho mais, então além de trazer um sucesso ao personagem que ele nunca havia tido, Moore ainda trouxe ao topo vários personagens sobrenaturais da DC que apareciam nas histórias, como Constantine (que ele mesmo criou), o Desafiador, Vingador Fantasma e outros. Logo na primeira história já havia uma autópsia no corpo do Monstro do Pântano mostrando os tipos de plantas que estavam tomando a função de órgãos humanos enquanto a consciência biológica da planta tentava de todas as formas ser Allec Holland, o que depois dá um baita choque emocional para a criatura. Tendo habilidades ligadas a natureza, as histórias várias vezes tomavam um caminho de preocupação ecológica relacionada aos maus que o ser humano causa ao ambiente. Não-dá-pra-contar-todas-as-surpresas da Saga do Monstro do Pântanto, mas é uma prova de que tendo Moore, nada será normal. Por último vale ressaltar que Moore faz roteiros do tamanho de listas telefônicas, indicando até onde deve ficar cada elemento, cada personagem dentro dos quadros, colaborando diretamente com os artistas que conseguem passar uma experiência cinematográfica com sucesso.


A última história do Superman

Na sua última história Superman tinha que resolver seus últimos conflitos internos e externos

"Eu coloquei tudo ali - Krypto e Bizarro-, todas aquelas coisas que amava, porque elas me pareciam repletas de imaginação e energia. Eram ideias maravilhosas e estranhas." Alan Moore sobre Superman#423

Como já aconteceu várias vezes, nos anos 80 a DC resolveu que precisava passar por uma reformulação e recomeçar as suas histórias para um público mais novo, nisso foram feitas as últimas edições dos heróis na Era de Prata. Julius Schwartz tomou café da manhã com Alan Moore e contou que estava tendo dificuldades para conseguir um roteirista que escrevesse as duas últimas edições do Homem de Aço como se realmente fossem as duas últimas edições do Homem de Aço! Então Alan Moore literalmente levantou da cadeira colocou as mãos no pescoço de Julius e falou que se qualquer pessoa que não fosse ele escrevesse essa história, ele o mataria. Tudo indica que Alan foi convincente o suficiente já que "O Que Aconteceu Ao Homem de Aço?" foi escrita por ele, um confesso fã do herói.


Como o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller tinha acabado de lançar, creio que essa foi uma das primeiras histórias a mostrar o futuro máximo de um personagem de quadrinhos que já existia há décadas. Foi dado um fim a todos os personagens e todos os conflitos entre eles, com introdução e conclusão espetaculares. Moore chegou a trabalhar outra vez com o Superman na famosa história "Para O Homem Que Tem Tudo", em que Batman, Robin e Mulher-Maravilha tem que lidar com o alienígena Mongul que deixou Superman preso com uma planta alienígena no seu peito, um parasita que coloca o seu refém em uma ilusão de mundo perfeito para ele, de forma que ele nunca queira sair. Mas que mundo seria esse para o Superman? O homem que tem tudo?


Trabalhos com o Batman

Bolland e Moore criaram uma das capas mais icônicas e chamativas de todos os tempos.
A primeira história do Batman que ele fez se chama "A Arma", e nem tinha Batman como protagonista. Tudo era em torno da arma que matou os pais de Bruce Wayne, sendo o protagonista um grafiteiro chamado Johnny Speculux. Outra história que ele fez era focada em um dos vilões Cara de Barro, que era maluco beleza e se apaixonava por um manequim, prato cheio pro Alan Moore... mas vamos falar logo desse exato gibi em que você está pensando: Batman...

A Piada Mortal

Existem MUITAS cenas e artes icônicas do Coringa, mas a Piada Mortal consegue em poucas páginas ter as melhores.
Trabalhando com o relacionamento entre o Batman e o Coringa, Alan Moore resolveu solucionar a questão de vez. Primeiramente, Moore considerava que ainda não existia uma origem para o Coringa na época, o maior vilão da DC Comics. Então se mantendo fiel ao pouco que já tinham escrito no passado ele fez uma origem para o Coringa em que a sua insanidade era fruto de vários traumas que aconteceram em sequência, colocando o personagem como um criminoso perigosíssimo que realmente vê a vida como uma piada. Como ele achava que uma história definitiva do Coringa seria sem graça, na história o Palhaço do Crime levanta o ponto de que louco do jeito que é, a história mostrada não é exatamente a origem dele, porque ele a cada momento se lembra de um jeito diferente. Mas isso é o Coringa, a história é sobre o antagonismo entre o Batman E o Coringa.

"Se é para ter um passado, eu prefiro que seja de múltipla escolha." Coringa em A Piada Mortal


Sendo assim há duas histórias que são narradas, a busca do Batman pelo Coringa, que maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais uma vez fugiu do Asilo Arkham e os flashbacks que o vilão sofre enquanto lembra do seu passado. No final há um diálogo que ficou eternamente marcado na história dos personagens, definindo ambos como dois lados diferentes da mesma moeda: enquanto Batman se dedicou à justiça após um trauma, o Coringa se dedicou ao caos. Além da qualidade, A Piada Mortal ficou marcada por ser uma das histórias mais violentas do Batman. O vilão Coringa no ápice de sua maldade atira na filha do Comissário Gordon a deixando aleijada, enquanto ela sangra no chão ele abusa sexualmente dela. O Coringa tira fotos de tudo para poder torturar o pobre Gordon, apesar da cena não ser mostrada, só a ideia já é chocante.


Apesar de um pouco curta, a história que ficou sendo produzida por dois anos define a relação Batman-Coringa como um gibi que apesar de pesado é consideravelmente simples e sem mistérios em comparação com outros.





OU SERÁ QUE NÃO?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!


27 anos depois da história ser lançada, outro roteirista de quadrinhos, Grant Morrison (com um nível de anormalidade intelectual considerável, assim como Moore) explodiu o cérebro de todos os nerds do mundo. Em uma entrevista com o Kevin Smith (mais um roteirista de quadrinhos de cérebro anormal, mas mais pro lado obsceno da coisa...) Morrison passou a sua interpretação da Piada Mortal. A história tem um final meio aberto, a página que você pode ver acima, os criadores Moore e Bolland N-U-N-C-A discutem o que realmente aconteceu nesse final ou após ele. Eis que Morrison explicou... em 2013... Batman começa a dar risada e coloca as mãos no pescoço do Coringa, a risada do Coringa ecoa junto com as sirenes da polícia... um quadro após o outro... até que de repente não há mais risada... apenas a sirene da polícia.









O BATMAN MATOU O CORINGA!
"Te peguei de novo, não peguei? Não peguei?"
Isso não aconteceu de verdade porque há continuações dessa história e o Coringa está vivinho fazendo as suas fugas rotineiras de penitenciárias de segurança máxima. Mas o que fica claro é que Moore e Bolland realmente queriam fazer uma história definitiva de Batman vs. Coringa, e assim foi, de acordo com a interpretação deles, já que as editoras jamais deixariam que matassem o Coringa em uma história.

Uma história pra ficar pra sempre. Muitos imitam as surpresas que ela causou mas nunca são capazes de refazê-las.
Contos do Lanterna Verde


"Apenas tente fazer uma história secundária do Lanterna Verde melhor do que a média, o que não é terrivelmente difícil." Alan Moore

Alan Moore chegou a trabalhar com algumas histórias do Lanterna Verde e como não poderia deixar de ser, elas marcaram. Eram histórias curtas para edições não convencionais, como Tales of The Green Lantern Corps. Lá ele fez curtas histórias que criaram elementos completamente novos para o universo dos Lanternas Verdes, como um planeta consciente que é um Lanterna na história "Mogo Não Comparece às Reuniões", Tigres e.... Na Noite Mais Densa. Em 2007 a DC começou o seu maior evento, A Guerra dos Anéis (Sinestro Corps War) e a sequência A Noite Mais Densa, o que durou dois anos simplesmente se inspirando na curta história secundária de Alan Moore lançada há décadas.

"A DC parece ter baseado um de seus últimos crossovers do Lanterna Verde em algumas histórias de oito páginas que eu fiz há 25 anos. Eu acho que isso é algo desesperador e humilhante. Quando eu disse eme entrevistas que a indústria de quadrinhos americana não teve uma ideia própria nos últimos 20 ou 30 anos, eu só estava sendo maldoso. Não esperava que as empresas mais ou menos envolvidas dissessem 'Sim, ele está certo. Vamos ver se conseguimos encontrar outra de suas histórias de 30 anos atrás para transformar em uma saga espetacular.' É trágico. Os quadrinhos que eu lia quando criança e que me inspiraram, eram cheios de ideias. Eles não precisavam de um inglês arrogante para ir até lá e dizer a eles como tinham de fazer seu trabalho. Eles estavam cheios dae suas próprias ideias. Mas hoje em dia, eu cada vez mais tenho a sensação de ter a indústria de quadrinhos revirando a minha lata de lixo, como guaxinins na calada da noite."

De partir o coração


Nos números 17 e 18 de O Vigilante, Alan Moore escreveu uma de suas histórias mais notáveis. O herói estava indo atrás de um pedófilo e assassino, mas você realmente consegue ficar com pena do homem a história inteira já que a narração parte do ponto de vista dele, eu quase chorei no final, não tinha como eu fazer esse post sem mencionar essa história, se chama "Dia dos Pais". E agora, finalmente...

Who Watches The Watchmen?


Watchmen, a mais famosa história de Alan Moore deu início ao gênero graphic novel. Foi com isso que o Mago das Histórias levou a sua ideia de super-heróis em um ambiente real ao nível máximo. Tudo que Moore já havia feito, o estilo cinematográfico e pesado de V de Vingança, a ambientação seca e sórdida, o clima pessimista e distópico, tudo levado a um nível máximo. Todos os heróis são inéditos sendo inspirados em heróis da Charlton que haviam sido adquiridos pela DC. Nada no mundo dos quadrinhos havia sido feito com tanto cuidado até aquele momento.


A história de Watchmen envolve trama político, traumas e preocupações pessoais, ficção científica e teorias de conspiração. Me permita passar a arte e a história rapidamente para chegarmos logo a grande Magia da história. Dave Gibbons faz coisas incríveis a cada página, como por exemplo a utilização de cores quentes que vão ficando frias no capítulo que mostra a história do Rorschach, no final você já está tremendamente deprimido. Tudo ocorre de forma cinematográfica, sem onomatopeias ou balões de pensamento. No final de cada história há documentos como cartas, entrevistas ou revistas do universo de Watchmen, deixando a imersão ainda mais realista. Os personagens com seus super poderes conseguem ter tantos defeitos (ao ponto de cometerem abuso sexual) que realmente parecem reais. A história tremendamente complexa deve ser a parte mais fácil para Alan Moore, pois a forma não linear e detalhadíssima é o que mais impressiona. Por fim, ressalto o capítulo em que o Dr. Manhattan fica em Marte com a sua namorada e é narrado cientificamente as mudanças geográficas de relevo e clima que o planeta sofre, o que mais me deixou chocado.


Mas afinal do que se trata Watchmen? Heróis no mundo real? Questões políticas sobre poder? A sofridão da vida? O próprio Alan Moore filosofa a questão do principal significado real do Watchmen, um tema mais sólido seria 'vale mesmo a pena todo esse papo de salvar o mundo' que é recarregado tantas vezes em histórias de ficção? Mas mais claramente, Watchmen é o que é porque dentro de seu incrível roteiro há uma diversidade de formas de ver a vida e o mundo, com isso, quando você termina de ler, você já não tem certeza do que exatamente aconteceu com você. Único como só Watchmen pode ser. Já viu o filme? Já leu análises e resumos meus? Não importa, leia o gibi, é diferente de qualquer outra coisa que exista.


Watchmen foi o único gibi da história a ficar entre as melhores obras literárias do séc. XX na Inglaterra e assim como V de Vingança é estudado em qualquer curso de Literatura que se preze, a única HQ a alcançar o status que alcançou, algumas até olham pra lá, mas não conseguem pisar no mesmo solo que Watchmen pisou. Essa HQ trouxe dinheiro a Alan Moore como ele nunca teve, chegando a comprar uma casa nova para os seus pais, e infelizmente (ou não) foi quando ele notou que era hora de tomar algumas decisões drásticas.





Alan Moore vs. O Resto do Mundo (o que inclui DC Comics, Hollywood...)


"Eu estava começando a perceber que a DC não era necessariamente minha amiga." Alan Moore

Antes de entrar na DC Alan Moore já havia arranjado altas discussões com empresários da Warrior e 2000 AD pois não permitiam que os roteiristas tivessem os direitos autorais sobre as suas obras e ainda por cima ele ganhava pouco, não importava o que ele estivesse escrevendo. Virando o... bem, fodão da porra toda ele foi convidado a trabalhar na DC, uma das maiores empresas dos quadrinhos junto a Marvel. Moore esperava que lá fosse tudo melhor e realmente foi, mas quando chegou no ponto máximo, Watchmen, ele notou que não ia ser bem assim. A dor de cabeça com direitos autorais foi tanta que Moore afirmou que ele e Gibbons já sentiam que estavam sendo punidos por terem feito um gibi tão bom. Após terminar V de Vingança (que só foi publicado por completo na DC), Moore pediu as contas e foi embora para fazer trabalhos por si mesmo por um tempo.

Alan Moore fingindo que está escrevendo o nome dos donos da DC em um Death Note
Com isso ele largou a DC sem fazer alguns projetos planejados como uma sequência de três histórias protagonizadas pela Lois Lane, uma série do Bizarro#1, o crossover entre Batman e Juíz Dredd. Havia também uma super série que envolveria todo o universo DC, Twilight of the Super Heroes, mas... não rolou, e agora nem vai rolar mais. Por anos e anos a DC encheu o saco de Alan Moore para que ele trabalhasse mais uma vez em Watchmen, ele não só não quis como também não quis que ninguém fizesse, prelúdio, continuação, história paralela, qualquer coisa que fosse além do que ele escreveu em Watchmen. Isso durou muito tempo... até 2012, quando a DC lançou uma sequência de vários prelúdios protagonizados pelos diferentes personagens da super-história. O deus-cobra de Alan Moore é forte e foi um dos maiores fracassos da DC Comics, chegando a haver lojas que se negaram a vender porque acharam ofensivo contra a obra original. O nosso escritor preferido chegou a dizer em entrevistas que desprezava cada pessoa que comprasse Before Watchmen, mesmo que fosse um assíduo leitor dele.


As brigas não terminam por aí, inúmeras vezes Moore entrou em conflito com estúdios que queriam adaptar as suas histórias para o cinema, ele sempre faz questão de lutar o máximo possível para que isso não aconteça. Como os direitos não pertencem a ele, temos aí os filmes do Watchmen, Do Inferno, V de Vingança, A Liga Extraordinária e futuramente uma animação da Piada Mortal. Moore afirma que nunca viu os filmes e nem tem vontade de ver, pra ele é tudo falta de criatividade da indústria do cinema ficar adaptando as histórias antigas dele. Não importa quantos milhões a DC já tenha oferecido a ele, ele se nega a voltar a trabalhar lá, o ódio que ele pegou foi enorme já chegando a recusar 2 milhões de dólares para simplesmente dar a sua benção ao Before Watchmen, no lugar disso você viu o que ele fez. Só não colocaram o nome do velho Alan nos créditos dos filmes porque ele ameaçou de falar mal pra caramba do filme na mídia caso o fizessem e isso daria em fracasso de bilheteria já que ele costuma ter presença opinativa forte nos meios de comunicação.


Já aconteceu de Moore estar trabalhando em uma editora (a Wildstorm) e ela ser comprada pela DC. O que ele fez? Se demitiu. Atualmente cada contrato que ele faz deixa claro que caso o local seja comprado pela DC Comics o contrato está automaticamente cancelado. No caso do filme de Watchmen, dirigido por Zack Snyder, Moore falou para que dessem os milhares de dólares que estavam oferecendo a ele para acompanhar o desenvolvimento do filme para Dave Gibbons, seu velho parceiro que desenhou a história. Moore deixou de ser amigo de Gibbons pois de acordo com ele, o desenhista demorou demais para ligar para ele agradecendo. Chega de tragédia, vamos em frente. Antes da criação da ABC (America's Best Comics) Moore fez alguns outros trabalhos que vale a pena citar.


Shadowplay: The Secret Team (Alan Moore vs. Tio Sam)


Um dos melhores e mais polêmicos trabalhos do mago Moore. Shadowplay se tratava de uma graphic novel narrando as mais sujas histórias da CIA, todas baseadas em estudos reais. As metáforas eram sutis, sendo o protagonista um agente aposentado da CIA, contando as histórias enquanto bebe em um bar, detalhe, a cabeça dele é de águia. Moore se aprofundou em todos os livros já escritos na época sobre teorias da conspiração relacionadas às forças secretas dos Estados Unidos. Durante o monólogo da águia, uma piscina preenchida com sangue é usada para representar as mortes causadas pela CIA nas suas histórias sujas. Arrepiante como só Alan Moore conseguiria fazer. A história fazia parte de um projeto maior chamado Brought to Light. Foi a primeira obra em que Moore se aprofundou tanto em uma pesquisa, resumindo uma quantidade enorme de informações em 30 páginas de quadrinhos.


Lost Girls


Depois de tudo isso, de A Piada Mortal à Shadowplay é normal você imaginar que não tem como Moore fazer algo mais diferente... eis que ele aparece com Lost Girls. Esse se trata de um gibi pornográfico mostrando aventuras onde três garotas vão se descobrindo sexualmente. Essas três garotas são baseadas em personagens de fábulas: Wendy, Dorothy e Alice. A história se passa na Belle Époque e apesar de falar principalmente de sexo, passa por muitos outros temas como cultura europeia, guerra, arte, música e atitudes sociais.


A história ficou famosa por ser o primeiro gibi pornográfico com tal nível de profundidade. Eu nunca li, como outros que estou escrevendo aqui, mas os relatos de que mulheres foram pedir assinaturas nas suas cópias de Lost Girls chorando de emoção agradecendo pelo gibi ter sido escrito me convence de que não é apenas uma história pornográfica qualquer. A desenhista é Melinda Gebbie Moore, o casal se conheceu justamente trabalhando nesse projeto, que levou décadas para ser terminado.


A esse ponto eu estou pensando nesse exato momento "Acho que eu deveria ter feito algo como 'Top 10 Melhores Histórias do Alan Moore'". Bem, Alan e Melinda levaram vários anos para se casarem, só quando já estavam velhinhos. Mas antes Moore chegou a viver junto com ela, aliás, ele vivia com duas mulheres... na verdade quatro, duas namoradas e duas filhas. Sim, ele morava com duas mulheres bissexuais, eram um trio.

Casamento bonitinho de Alan Moore
Do Inferno para os quadrinhos


Outra história de sucesso do sr. Moore fora da DC Comics foi "Do Inferno", tratando do mistério do caso de Jack, o Estripador na Inglaterra. A longa história de suspense trata do mistério mas com uma visão diferente que isola Do Inferno de outras histórias sobre o velho Estripador. O roteiro se foca não no "quem foi" mas no "como foi", se aprofundando em todos os detalhezinhos da rotina dos envolvidos que levou aos terríveis atos. Para ter uma ideia, na segunda edição já era revelada a identidade do assassino. Assim como em Lost Girls, o tema principal é bem utilizado ao mesmo tempo em que vários outros estudos de Moore relacionados a época, a política, a sociedade e até invenções daquele tempo, provavelmente o trabalho que exigiu mais esforço do velho Moore. Essa história, Lost Girls e mais algumas outras eram publicadas para a revista Taboo, que tinha esse nome justamente por lidar com histórias diferentes.


La Vendettinha!

Sátira do Quarteto fantástico
Como Alan Moore nunca foi e nunca será o único artista de quadrinhos revoltado com as editoras, foi uma questão de tempo até que a Image chegasse, um local onde os artistas tinham os direitos pelas suas criações, um lugar muito mais adequado para trabalhos criativos. Se você não conhece, a Image é de onde vêm The Walking Dead e Spawn. Com uma boa equipe de outros caras que haviam trabalhado com a Marvel e a DC Moore começou a colaborar com 1963, uma sequência de gibis que satirizava histórias de personagens clássicos. Fazendo versões diferentes mas ainda muitos similares, Moore escrevia roteiros que soavam perfeitamente como os bons e velhos gibis da Marvel, e as técnicas de desenho também eram as mesmas antigas, mas tudo com um tom de sarro. Foi uma forma de vingança que os caras arranjaram. Diga-se de passagem que eu não achei as histórias muito legais, não, mas é incrível de ler, é igualzinho mesmo, hahahaha.


Os melhores gibis da América!


Galera, Moore também fez Promethea, Top 10, A Voz do Fogo (que é um livro mesmo, não gibi), entre outros, mas eu já citei os principais (na minha opinião). Esses outros trabalhos de Moore continuaram mostrando a maestria e criatividade interminável dele. Com Promethea ele usava diveeeersos recursos de narrativa e imagem (inclusive fotos reais), Top 10 era de ficção científica, como aquelas mais antigas, mostrando um universo habitado unicamente por seres com super-poderes, mas tratando apenas de problemas da sociedade, sem ter uma edição que deixe de falar de algo como pedofilia, drogas, homossexualidade e outras coisas polêmicas. O detalhe que eu mais gostei foi a casa de uma velhinha infestada por ratos... mas nesse universo são super-ratos! Em uma guerra contra super-gatos! Para vencer os gatos voltam ao passado para impedir que o combate comece e quem sai perdendo é o dedetizador que acaba não sendo pago pelo serviço que nunca aconteceu...


Algumas dessas histórias foram publicadas sob o selo America's Best Comics (ABC) criado pelo próprio Alan Moore! No final dos anos 90, quando descobriu que a Entertainment tinha fechado, ao invés de ir trabalhar em outro lugar, Moore abriu a ABC com a sua própria linha de heróis, cujos nomes ele encontrou em uma lista aleatória onde ele havia escritos uma sequência de nomes certa vez. Tudo daria muito certo, já que essa linha do "universo de heróus do Alan Moore" veio a incluir, Top 10, Promethea, A Liga Extraordinária, todos sucessos.

"Acho que a ABC foi uma tentativa de construir uma arca, onde todos os meus conceitos favorito das coisas que achava que deveriam estar inclusas nos quadrinhos, poderiam sobreviver ao dilúvio." Alan Moore


Outros trabalhos


Moore aos 52 anos resolveu se aposentar parcialmente dos quadrinhos e começar a fazer um monte de coisas, e de vez em quando, quadrinhos.

Moorsica maestro!


Eu sei, eu sei, meus trocadilhos são os melhores, you want mOOre? Pois bem, desde sempre que Alan Moore tem ligação com a música, trabalhando como vocalista e compositor desde da época que escrevia para a 2000 AD. Depois que deu uma acalmada no lançamento desenfreado de gibis (houve várias épocas em que ele trabalhava com uns cinco ao mesmo tempo) ele voltou ao ramo e lançou mais algumas coisas. Tudo da carreira musical de Moore tem curto alcance, são trabalhos bem peculiares e específicos, até chegaram a receber covers, mas de bandas próximas. Há trabalhos de áudio relacionados a V de Vingança e Shadowplay. Alguns de seus grupos foram Emperors of Ice Cream, Sinister Ducks e The Satanic Nurses (que facilidade pra arranjar nomes curiosos...), sempre com apresentações locais envolvendo performances diferenciadas, com apresentações de dança, bonecas, um pouco de teatro.




É... bem... é... vamos em frente.

O Grande Teatro Egípcio de Maravilhas da Lua e da Serpente!


Esse é bem complicado, eu nem tenho certeza se entendo completamente. Quando Moore chegou na meia-idade ele concluiu que tinha duas opções, ou entrava em depressão de meia-idade ou ficava completamente louco. Ele escolheu a opção mais divertida. A partir disso Moore usou concentração imaginativa e cogumelos alucinogêneos onde ele conheceu quem seria a partir de então o seu deus. Sim, aquele deus-cobra dele. Seu nome é Glycon e Alan já chegou a fazer pinturas "mágicas" dele, mas eu não consigo encontrar na internet e não tenho scanner pra passar do livro dele que eu tenho. Quando ele foi pesquisar Glycon era uma fraude elaborada por um personagem chamado Alexander, o Falso Profeta nos Balcãs... Glycon era só um fantoche de luva que enganava as pessoas. Moore achou isso perfeito, pois estando completamente louco (agora era oficial), ele não queria um deus que tivesse criado o Universo, mas só uma brincadeira.

Essa é uma pintura do deus-cobra que foi o Alan que fez. Falei que ele desenha bem...
Mas e o teatro? Bem, é um lance extremamente complexo de psicogeografia, algo que nem sequer é comum de se ouvir... Deixa eu tentar explicar de forma simples e rápida. É um teatro onde se fala da vida de uma pessoa, mas não dizendo o que ela fez e afins, não, mas tudo que esteve ligado a vida dela onde ela viveu, mesclado aos arredores de onde a própria performance está ocorrendo. É uma apresentação biográfica e ao mesmo tempo global, pois ao mesmo tempo que conta a história do indivíduo fala sobre a sociedade ao redor dele durante a vida, além de coisas tão pessoais que todos ou quase todos se identificam. O teatro já fez um desse com o próprio Moore, mas costuma ser com pessoas que já morreram.


O quê?! Mas como?! Então, é um negócio todo espiritual somado às drogas alucinógenas que o velho Mago usa... pois é, um negócio todo louco. Gostaria de poder explicar mais detalhadamente, mas como esses outros trabalhos menores do Moore, está longe de ser global, é algo que ele faz por lá na terra dele mesmo. Eu acharia que é a maior palhaçada, mesmo sendo o Alan Moore, mas o teatro só rola de vez em quando (em algumas apresentações com Moore já bem velhinho) e as pessoas até pedem para que seja feito com pessoas próximas que morreram, sendo assim tem pouco interesse financeiro, me convencendo de que é legítimo.

Alan Moore arrumadinho para apresentação
Onde descobrir mais sobre ele


Creio que esse é o maior post de A a Z que eu já fiz porque Alan Moore é o homem que fez mais coisas cujo qual eu escrevi sobre. Além das próprias obras que eu li, o lugar que eu consultei bastante foi a biografia dele que papi me comprou no Natal passado: Alan Moore - O Mago das Histórias. Ele é um cara que fez muitas coisas para que seja possível eu contar tudo em um post, quem sabe em uma vida... tenho vários anos ainda para ler quase tudo que ele já escreveu. Outras boas fontes são alguns documentários que você pode encontrar na internet como The Mindscape of Alan Moore, relacionado às crenças e filosofias dele (bem punk, mas tem uns efeitos que deixa chato de assistir) e Monster, Maniacs e Moore, onde ele mesmo comenta a sua carreira e as suas ideias. Ele tem bastante coisa pra dizer, como você deve imaginar.







Alan Moore e sua esposa Melinda no dia do casamento. Fala sério, eles não são bonitinhos?

E o que ele tem feito atualmente?

Alan versão "já de cabelos brancos" em um evento de moda. Ele fez um negócio literário chamado "Fashion Beast", não tenho certeza do que se trata.
O meu grande e ilimitado ídolo Alan Moore agora está trabalhando com uma obra... cinematográfica! Nada de popular também, mas é muito interessante. O projeto se chama The Show, mas antes de ser feito há cinco curtas em produção (se não terminaram, já estão terminando o último) relacionados ao longa principal. Moore está fazendo o projeto independentemente com um amigo e a equipe de produção, sem se aliar a qualquer estúdio. Mas de onde ele tira dinheiro se não aceita os subornos da DC Comics e  gastou toda a grana do Watchmen com um monte de projetos e a ABC? Bem, ele está pedindo para os fãs, e está funcionando. Você pode ver o site para doações nesse link: http://www.kickstarter.com/projects/1288561702/alan-moore-and-mitch-jenkins-his-heavy-heart

Há brindes pra quem ajuda, coisas como camisetas. Para atrair a atenção dos fãs, ainda esse ano Moore gravou o vídeo abaixo para explicar sobre o projeto usando suas habilidades artísticas, humorísticas e insanas.



Sim, é Alan no meio do elenco de The Show

Bem, espero que você tenha gostado...


...porque deu um baita trabalho pra escrever tudo isso. Mas valeu a pena, o valorizo muito e espero que tenha sido um bom tributo. De acordo com os meus cálculos fazia mais de um ano que eu não fazia um post "de A a Z" como esse... achava que não faria mais, bem, até a próxima. E agora FALA AE. O Alan Moore é ou não é rei? É ou não é o rei? É claro que é, nunca vi outro cara com tanta capacidade criativa! Heróis, ficção científica, política, música, pornografia... am, psico... psico... psicogeografia! Um verdadeiro Mago das Histórias!


A única coisa que falta é... ele fazer um jogo de videogame! Mas do jeito que ele só mexe no computador pra escrever roteiros no Word... acho meio difícil ele fazer algo tão ligado a tecnologia, hehe. Hum, quem sabe um roteiro...

16 comentários:

  1. Primeiramente o título está muito criativo

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  2. Nossa Douglas, uma das melhores coisas que você já fez! Na Boa eu nem percebei e quando eu vi já tinha acabado a leitura, não fiquei enjoado como fico quando leio posts deste tamanho, Continue fazendo de A a Z de mais alguém (Sugiro do Batman). Nota :10,00 cara!

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    1. Cara, primeiramente MUITO OBRIGADO, e segundo, eu li tudo depois de terminar e também não fiquei cansado! :o Talvez devesse ter escrito um pouco mais... haha, vou lembrar disso da próxima vez. Vlw!

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  3. Se ele fizer um do Batman ele fica louco no processo.........AHAHAHAHAHA!

    E mais uma coisa...................AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

    Nah, ele não me assusta mais. E eu finalmente li Watchmen! E é bom como dizem.

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    1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK.

      Vlw pelos comentários pessoal, fico feliz que Juubi tenha vencido o seu medo. E quanto ao post do Batman eu devo dizer pra vocês que acho desinteressante, é que eu já escrevi tanto sobre o Batman, não tem muita coisa de novo que eu poderia escrever. Ideias antigas eram com o tema Star Wars e Metal Gear, mas aí eu notei que seria... impossível, ao menos da forma que eu queria.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. E simmmmmm, Alan Moore é um rei. Acho que você deve fazer um exame de DNA com ele, quem sabe esse seu talento não é hereditário.

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  6. "Espero que você tenha gostado". Não seja modesto Douglas, como se você tivisse alguma dúvida ( se tinha você é muito bobo) está incrível, perfeito, até a legenda ficou maravilhosa. Parabéns, apesar de grande o texto está totalmente show do A ao Z. As fotos também são bem engraçadas, principalmente do Sinistrão e da esposa dele. Sério não esperava que ficasse tão bom, você sempre surpreende com esse seu "talentinho" de apresentar os gênios. E claro que ter escolhido falar do "velhinho ai em cima" foi uma boa sacada. Já estou ansiosa para o próximo de A a Z.

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  7. O melhor de tudo é que o texto é engraçado, mas não perde o foco de tratar do assunto e de passar a informação, você consegue ser irônico ( como só você sabe ser), sério e ainda sim ser engraçado.

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  8. A única parte que não gostei foi o fim, simplesmente por ser o fim.

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  9. Obrigada papi do Douglas por ter presenteado ele com a biografia do Alan Moore no Natal. Agora amo duas vezes mais o dia 25 de dezembro. : )

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    1. Wow... estou tão lisonjeado que a única palavra que me vem a cabeça é 'obrigado' mesmo. Obrigado de novo. E mais uma vez: obrigado.

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    2. Até a sua resposta consegue ser engraçada, mas mesmo assim, interessante.

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    3. Têm que continuar com esse tipo de post

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  10. Impressionante o seu post, só faltou falar sobre o Capitão Bretanha, mas de resto está perfeito.

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