sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Hellboy: O Vigarista


Esse belo conto do anti-cristo da Dark Horse é uma das histórias mais sinistras e perturbadoras que já li do personagem. Em três edições o detetive Hellboy tem que lidar com as maldições que já está acostumado em um vilarejo humilde e... mórbido. Aqui o clima de terror é mais forte e quase constante, praticamente não havendo passagens mais descontraídas que são comuns nos roteiros de Mike Mignola.


Falando no criador do personagem, nessa história Mike cuida da escrita e deixa a sua característica arte ser substituída pela de Richard Corben. Como funciona a dupla? Da melhor forma possível. O roteiro de Mike é sombrio desde o princípio, enquanto os desenhos de Corben parecem mais formidáveis do que os da própria lenda Mignola! Mas vamos falar da história. "Hellboy: O Vigarista" começa com o nosso demônio preferido ajudando uma família de caipiras que vive próxima de uma floresta em 1958. Eles estão pedindo ajuda do detetive paranormal pois uma jovem mulher da família está paralisada sem mexer um músculo. Eles acreditam que ela foi amadiçooada por ter brigado com uma bruxa do vilarejo. Essa não é a primeira coisa ruim que acontece com eles, graficamente fica inegável como se trata de uma família mórbida e o tom pessimista prossegue com cenários góticos e os eternos olhares mortos nos rostos dos personagens de Hellboy.

Para ajudar a família, o anti-herói se une ao rapaz acima (Tom), irmão da garota, e sobem as colinas para encontrar a bruxa e tentar resolver o tal problema. Durante a investigação vão começando a surgir os detalhes mais macabros do caso. Ao mesmo tempo (tudo isso ainda na primeira edição) a história individual do camponês Tom é contada e detalhes de rituais e magia negra vão sendo descritos. É meio perturbador e quando começa... vem tudo de uma vez! É um ponto em que você nota que ou arrega ou vai continuar até o final.

Isso não é nada
Apesar de ser Richard Corben quem cuida da arte, vários elementos de sequência vem da narrativa de Mignola, como os animais que aparecem apenas observando, causando um tom mais sombrio e alguns quadros que falam mais por ação do que por fala, assim ainda parecendo com as histórias de sempre do Hellboy, mas com desenhos que eu pessoalmente achei ainda melhores. Uma das coisas mais perturbadoras e bizarras é o "vilão" que faz o título da história. Alguns mais velhos o chamam de "O Avarento Assustador", mas é mais conhecido como... O Vigarista.

As cores são resultado de Dave Stewart, que também fez um excelente trabalho
O personagem é uma espécie de demônio/poltergeist representado por um senhor deformado e sempre sorridente. Se tratando da representação do Mal na aventura, o Vigarista é um personagem feito apenas para incomodar desde a aparência até níveis mais desesperadores, ou seja, nada de simpatia com ele. É aquele tipo de inimigo que você olha pra cara dele e nota que inegavelmente... ele é mau. Não tem esperança. Tirando o próprio Hellboy, não há outros personagens conhecidos, são os camponeses, bruxas e o Vigarista que veio aterrorizar Tom. A história é sobre ELES, Hellboy é só um observador na trama, como outros personagens quietos constantemente envolvidos em eventos maiores como Charlie Chaplin e Mickey Mouse.

Isso não tira o charme do vermelhão, pelo contrário. Na verdade, segue um estilo muito comum nas histórias do Hellboy que é raro ver em outros quadrinhos. Ao mesmo tempo que a história é descompromissada pertencendo a um arco fechado, ela não deixa de ter brevíssimas menções aos inevitáveis eventos futuros da vida de Hellboy, assim não deixando de fazer parte da principal saga dele, deixando claro que não ignora a sua mitologia. A conclusão na terceira parte é bem recompensadora, envolvendo tensão emocional e uma boa luta contra o vilão, sem deixar de lado o tom sinistro, nem-por-uma-página. Elementos esses que seriam bem vindos em um terceiro filme do personagem.

Ultimamente não tenho cansado de defender a singularidade do personagem Hellboy, e essa história é simplesmente um ótimo exemplo! Para mim a utilização dele em outras mídias como nos filmes do del Toro apenas o deixam mais forte, uma pena que não tenham gerado muito lucro, sendo difícil que vejamos mais futuramente. Mas a simples diferença faz com que valha a pena procurar pelas histórias do Hellboy, pode ser simples mas é muito bem feito! E Mignola escreve conforme lhe agrada, dessa forma você pode procurar tranquilamente que tudo fará parte da essência do personagem, não havendo histórias feitas por obrigação comercial! E qual outro personagem da Dark Horse é popular como ele? Exatamente, nenhum. Ao ponto de ter filmes, desenhos e jogos nenhum. O que falta é mais caras com uma visão que realmente sirva para o personagem em outras mídias, como o del Toro fez, criando um novo Hellboy muito bem vindo. Só não posso criticar os desenhos porque nunca assisti, mas os jogos... Deus me livre, cara. Aquilo sim é coisa do capeta.

Acho que já foi o bastante pra te convencer, né? "Hellboy: O Vigarista" é NOTA 10! Se você não gostar, é porque sem dúvidas não gosta do personagem. Vale pesquisar, se quiser pode tentar pelo nome em inglês, "Hellboy: The Crooked Man". Eu gostei bastante de fazer essa análise, digam se tiverem gostado também, pois tô pensando em fazer mais algumas, pelo menos mais uma. Agora vou deixar a minha eterna cena preferida das histórias de Mignola:

4 comentários:

  1. Preciso ler Hellboy,não posso ficar só nos filmes e essa história parece perfeita para começar.
    Ps:Tem na Hq online?
    Ps2:Continue as analises são sempre legais de ver.

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    1. Sim, tem! Inclusive eles terminaram de upar a pouco tempo no HQOnline. E obrigado o/

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    2. Acabei de ler agora,realmente bom.
      Ps:Agora posso dizer que li ao menos uma hq do Hellboy,hehe.

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